sábado, 7 de novembro de 2009

Desabafo: Tudo dando errado

Na madrugada de ontem pra hoje, fui dormir umas 2h30, pois estava no Eletronika (por questões acadêmicas). Fora tudo que deu errado lá, eu planejava acordar 5h pra chegar cedo no Chevrollet Hall e comprar meu ingresso na pista VIP pro show do Coldplay, em Sampa.
Coloquei dois (não foi um, foram DOIS) celulares pra me acordar às 5h e nenhum despertou. Ou eu que não ouvi, mas acho difícil porque eles são muito altos. Enfim, acordei quase 10h, desesperado, puto, e cheguei no Chevrollet Hall às 11h para descobrir que a bilheteria de lá só abre ao meio dia.
Fui então à Leitura da Savassi, na Cristóvão Colombo, que também é ponto de venda da Ticket Master. Lá não tinha fila nem nada, mas lógico que não tinha mais pista VIP pra Sampa (são os mesmos ingressos pros pontos de venda do país todo, não há uma divisão). Comprei a pista normal mesmo, logo depois de mim, uma mulher comprou pista VIP no Rio pro filho dela e falou que se eu era fã mesmo valia à pena pra mim também. E valia mesmo. Por que eu não perguntei ANTES de comprar o meu se tinha pista VIP no Rio? Eu nem tinha cogitado a hipótese de ir ao show no Rio, me fixei em São Paulo logo de cara. Por que? A mulher ainda me disse que a Praça da Apoteose, lugar do show no Rio, é perto da rodoviária. Eu ia pro show, via o show, ia embora, nem gastaria com hotel, essas coisas... mas já estava feito. Eu só tinha agora 150 reais que nem meus eram, precisaria de um novo empréstimo pra comprar o ingresso que eu queria, a compra do ingresso pra pista normal não podia ser cancelada, segundo a moça da Leitura. Enfim, agora está feito. Estou puto e vou ficar atrás de 5 mil pessoas (ou muito mais) no show.
Bom, aprendi pro próximo. Primeiro show grande que eu tive que fazer correria do ingresso e tudo. O pior é esperar o show de março pensando no que terá daqui uns 2 ou 3 anos.
Sabe qual o pior? Quando a Leitura abriu (às 8h ou 9h, vou confirmar de novo porque é a hora em que eu estarei lá da próxima vez) ainda tinha pista VIP pra SAMPA. Mas aí já foram os celulares, enfim... agora nada adianta mais. Esse tempo que não volta...

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

E agora, José? [a continuação do clichê]

José ligou para Júlia naquela sexta à noite, mas ela estava muito ocupada, disse que ligaria de volta na manhã de sábado e anotou o número. Zé ficou a manhã toda perto do telefone, esperando o telefonema. Maria não podia atender. Já tinha passado do meio dia. Zé não agüentava mais não sair da sala e, quando se descuidou, foi ao banheiro, o telefone tocou. Maria atendeu:

- Alô.
- Alô, por favor o Sérgio está?
- Aqui não tem ninguém com esse nome.
- Tem certeza? Mas o número que me deram foi esse...
- Mas aqui não tem nenhum Sérgio, minha filha...
- OK, desculpe.
Clic.

José voltou para a sala, perguntando quem era. “Engano”, respondeu Maria. Mas o telefone tocou de novo, então o Zé atendeu e a Maria só o ouviu dizer: “Desculpe, ligo outra hora”. A esposa quis saber:

- Quem era?
- É... o Pinduca.... o Pinduca me chamando para a pescaria mais tarde.
- Sei... com quem mais?
- O Taborda... Eu, Pinduca e Taborda.
- E você vai?
- Talvez... Vou à padaria e já volto.

O Zé saiu de casa, encontrou o supermercado mais próximo, entrou e, do seu celular, ligou para Júlia:

- Alô.
- Júlia? É o Z... Sérgio.
- Sérgio? Que houve? Liguei no seu número e uma mulher me disse que não tinha nenhum Sérgio na casa...
- Era meu número mesmo? Você deve ter ligado errado...
- Bom, não importa. O que acha de nos encontrarmos hoje à noite?
- Pois é justamente o que eu iria falar. Pode ser no Restaurante Garfo de Ouro?
- Claro. Que horas?
- Umas 19 horas está bom?
- Não é muito cedo?
- Tenho que acordar cedo no domingo, tenho pescaria...
- OK, por mim tudo bem.
- Então te vejo às 19... Beijo.
- Outro.
Clic.

José voltou para casa, dizendo a Maria que iria à pescaria e simulou ligar para o Pinduca: “Pastel? Às 14 horas eu passo na sua casa? OK...”. Falou para Maria que tinha que ir logo. Almoçou com ela e foi. E ela pensando: “Pastel?”.

Passou a tarde na casa do Taborda, afinal o jantar com Júlia era só às 19 horas. Já foi arrumado, mesmo ouvindo um “arrumado assim para pescar, Zé?” da esposa. Quando eram umas 18h30 já foi para o restaurante, que era relativamente perto dali... o lugar não era perigoso, bairro de classe alta.

No jantar – no qual Júlia chegou 15 minutos atrasada – papo vai, papo vem, com um “Adorei o cachecol preto que você estava usando naquele dia” por parte dela, e ele: “Preto? Ah, sim, claro... meu favorito!” (ele nem estava de cachecol no dia, meu Deus!), a conversa foi longe e beijaram-se. Terminaram num motel. O Zé, mesmo aos seus 52 anos ainda tinha vigor para a coisa.

O Zé chegou lá para as três da manhã em casa. Maria, lógico, ainda estava acordada: “Pescaria até esse horário?”. “Que tem, mulher?”, respondeu o Zé, e foi dormir. Estava cansadíssimo – e felicíssimo também.

No domingo de manhã, Maria perguntava ao Zé, sonolento:

- Então Zé, como está o Torquato?
- Bem, bem...
- Mas não era Taborda o nome dele?
- É... Taborda... está bem.
- E o outro?
- Quem?
- O outro que foi pescar com vocês...
- Ah... o Pastel está bem também...
- Não era Pinduca?
- Pinduca? Ah... Pinduca, Pastel... tudo igual!
- Sei...

O Zé foi tomar banho. Tempo suficiente para chegar no celular dele a mensagem de texto: “Adorei a noite de ontem, foi maravilhosa... Acho que você mentiu para mim a idade, viu? Que fôlego! Quando será a próxima? Beijão, da sua Ju”. Quem leu essa mensagem foi a Maria, é claro. Pensou na vida, no casamento com o Zé, que há muito já tinha perdido a graça. Na herança que o marido podia deixar, na traição. Não deu outra: botou o veneno de rato mais potente que tinha no café do marido.

O Zé bebeu, sentiu-se meio estranho, foi ler um livro de poemas, depois foi se deitar. Morreu. Ninguém descobriu realmente como. E a herança do Seu José (ou Sérgio, para Júlia) – que era muito bem de vida, quase rico (ou rico mesmo), e só não tinha carro por que não sabia dirigir e não gostava de motoristas particulares (já experimentara uma vez: destestara) – ficou toda para a Maria, que estava meio acabada, mas agora poderia fazer uma plástica, tranqüilamente. É, Zé... Pois é...

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

16 de outubro de 2009, um dia especialíssimo!

Um dia para não ser esquecido, um dia especial e mágico na vida de, pelo menos, algumas pessoas, acredito eu. É madrugada de 17 de outubro e escrevo, pois uma experiência dessa magnitude não pode passar em branco.

Marco Túlio, ou simplesmente o Marcão, uma figura diferente. Um cara muito inteligente, de coração muito bom, de ótimo senso de humor e que está sempre rodeado de pessoas. Um cara definitivamente ESPECIAL. Marco Túlio é tudo isso e muito mais e, por isso, talvez seja um dos poucos caras que eu conheço que merece um aniversário prolongado, uma festa dupla. E foi isso que fizemos para ele.

O dia do aniversário mesmo foi 15 de outubro e já rolou uma comemoração muito bacana, na pizzaria, com muitas pessoas, pessoas amigas. Isso, inclusive, ajudou no dia seguinte, já que o Marcão (mesmo sendo inteligentíssimo, repito) não desconfiaria de uma festa surpresa no dia seguinte a uma comemoração lotada de seu aniversário. No fim do dia 15 já combinamos de nos encontrar na praça do Baptista Marcão, eu, Guizão e Raphinha. Nós 3 teríamos a missão de enrolar o aniversariante e faze-lo chegar na casa da Belinha.

Essa parte foi sensacional, pois a gente não queria que esse momento inicial fosse muito rápido e assim foi: eu e o Raphinha nos recusando a ir (fingindo) e o Guizão interpretando nosso opositor. Até tentei simular uma “briga” com ele nas divergências, mas a gente brigava rindo. A invenção era que iríamos à Belinha ver um filme. Destaco esse diálogo entre mim e o Marcão (mais ou menos assim):

- E aí, Marcão? Vamos?
- Olha, cara, marcamos nós 4 de vir aqui, tocar um violão... Vamos não.
- Pô, Marcão! Mas é paia, as meninas lá esperando, a Belinha que chamou...
- É... então vamos!
- Uai, Marcão! Vai resolver assim sem mais nem menos? Tem que pensar...

Enfim, chegando ao apse, o Marcão realmente não desconfiou e sua expressão facial ao descobrir a surpresa (esperando ver um filme e vendo uma festa!) foi indescritível, tentarei aqui fazê-lo, inutilmente: o incrédulo mais feliz do mundo. Foi uma das cenas mais bonitas (que, é claro, a foto não reproduz em toda sua plenitude) do ano. Na festa, tudo estava lindo: as pessoas, o clima, as palavras. Sim, tudo estava perfeito.

Na hora do bolo, o Marcão fez um discurso para a família, contando de sua importância e Amor. Naquele momento, para ele, só seu pai, sua mãe e seu irmão estavam na sala. Foi algo tão formidável que me falta competência literária para reproduzir qualquer coisa parecida. Sinceramente, eu chorei.

A festa inteira foi maravilhosa e continuou para alguns com o já rotineiro violão na praça. Esse dia significou para mim mais do que a minha própria festa de aniversário, talvez. Foi a confraternização da amizade de forma tão profunda, momentos tão especiais, dancei tanto (ao som do violão, não precisamos de caixas de som e batidas eletrônicas) ... exercitei o corpo e renovei meu espírito! A casa da Belinha parecia a casa do Marcão, que parecia a minha casa. Todos pareciam estar em casa. Parecia que estávamos noutro lugar, um lugar protegido, diferente, onde nenhum mal poderia nos acontecer. Havia realmente uma magia no ar.

Eu realmente não tenho condições de contar tudo que vivi nesse dia e não traduziria as emoções que senti nem nas mais belas poesias que eu pudesse escrever algum dia na minha vida. Então, termino esse registro simplesmente agradecendo a todas as pessoas fantásticas que participaram desse inigualável evento. Nada paga a amizade de vocês e a noite do 2º aniversário do Marcão em 2009. Marcão, parabéns por tudo! Você é um vencedor e sinto-me extremamente feliz por poder fazer parte do seu convívio dessa maneira especial, o que me possibilitou viver momentos como esses de que falei aqui. Quem estava lá sabe como foi. Eu realmente me senti em outra sintonia. As músicas, os olhares, a felicidade no rosto das pessoas, tudo. Estou meio rouco, mas valeu muito a pena! Nada melhor que terminar dizendo que acredito no coração, sim, sim, e que todos os meus amigos querem viver! Viva la vida!

sábado, 10 de outubro de 2009

Oi, Seu José [um hiper-clichê, mas eu gosto e tem continuação]

O Seu José, 52 anos, casado, caminhava em direção ao ponto de ônibus. Estava indo para a casa do seu querido amigo Taborda. Caminhava tranqüilamente, com seu cigarro acesso na mão esquerda. Na direita, seu velho radinho de pilha (eita rádio velho de guerra!), sintonizado na “Rádio Liberdade, diferente das outras, igual a você!”, noticiário da manhã. Parou no ponto, jogou o finalzinho, a pontinha minúscula, do cigarro no chão e pôs-se a esperar o ônibus.

Apareceu então uma moça linda, loira, olhos verdes, rosto fino, corpo esbelto, aparentando ser muitos anos mais nova do que José. Aproximou-se dele e disse: “Aqui, o 9710 passa neste ponto?”. Zé não entendeu, desligou o rádio e pediu para ela repetir. Ela repetiu e ele, sabendo que aquele ônibus passava por ali, inventou de imediato:

- Não dona, ele não passa neste ponto, mas para onde a jovem tem de ir?
- Que pena! Preciso ir à casa de uma amiga minha. É só a algumas quadras daqui, mas tenho que ir depressa. Estou atrasada e tenho coisas para fazer depois.
- É lá para os lados do Bairro do Salgado? – arriscou Zé.
- É sim!
- Vamos a pé, tenho que ir para aqueles lados também. Aí você não vai sozinha. Vamos a passos largos e rápidos! O que acha?
- É muita gentileza, mas o senhor...
- Me chame de você. E não há problema para mim em andar rápido – o homem calculou que a moça deveria ter pensado que ele não teria muita força nas pernas naquela idade, para andar rápido.
- Mas o senhor... hum... você não estava esperando o ônibus?
- Oh, não. – o ônibus de Zé acabara de chegar – estava aqui só pensando na vida, à toa. Vamos?

A moça não tinha como recusar e foram andando.

- Nossa como o senhor... – caham! – você é gentil! Como é seu nome?
- Sérgio – mentiu Zé rápida e maquinalmente – e o seu?
- Júlia... para onde o s... você está indo mesmo?
- Para a casa de um amigo – desta vez Zé falava a verdade, mas não fazia bem o caminho certo – jogar uma conversa fora, um pouco de baralho, cervejinha... sabe como é, né?
- Hum, adoro baralho e cerveja. O problema é que isso combina demais com o cigarro, sempre tem aquele pessoal fumando...
- Também odeio cigarro! Não suporto!
- É mesmo? Que bom! Faz mal demais para a saúde.
- Bom, aí de música de fundo para o jogo, a gente põe numa rádio...
- Ah, tem que ser pagode! Pode até ser uma MPB... o que não pode ser é música antiga! Não suporto Vicente Celestino, esses cantores antiqüados... aquela rádio... Liberdade, não é? Não agüento! “Diferente das outras, igual a você”, é chata demais.
- Também detesto essa rádio! Parece que você está nos anos 50 ao ouvi-la... não dá! Concordamos em bastante coisa, não?
- Até que sim... Você não tem quarenta anos, tem?
- Que é isso, moça? Já passei dos 50...
- Mas não parece ter nem 40! – como Júlia foi generosa! Seu Zé parecia ter mais do que tinha, na verdade.

Júlia olhou rapidamente, com o canto do olho, para a mão do Zé, viu um anel que ela reconheceu ser de ouro maciço, no dedo do meio, com uma bonita pedra. Nada de aliança... arriscou:

- Você é casado?
- Não... Mas a moça deve ser...
- Eu? Imagina? Não sou... talvez eu seja feia demais para isso.
- O que é isso? Uma moça linda dessas...
- Imagina! O senh... você é que está bem conservado!

Nesse momento passaram na frente de uma loja de jóias. O Zé falou para ela esperar do lado de fora e voltou com um colar de ouro, com um pingente de diamante.

- O que isso, Seu Sérgio? Não posso aceitar, por favor...
- Comprei para você, é presente, não faça desfeita...
- Muito obrigada! – e deu um beijo e um abraço no Zé.

Andaram mais um pouco, o Zé tentando falar de pagode, que gostava também de um samba antigo. A moça concordou parcialmente. Enfim, ela anunciou:

- Aqui é a casa da minha amiga, fico por aqui.
- Mas...
- Desculpe, Seu Sérgio.
- Pode tirar esse “Seu”.
- Desculpe, Sérgio, mas tenho mesmo que ir, muito obrigada pela companhia e pelo colar, foi muita gentileza sua.
- Não foi nada – e Júlia deu mais um beijo e um abraço no Zé – espero vê-la mais vezes.
- Quem sabe? – e com uma piscadela entrou na casa da amiga, que ficava com o portão aberto e foi bater na porta.

Zé parou por um segundo, até que Júlia entrasse na casa. Sentia-se bem feliz. Sentia também algo na orelha e quando a tateou puxou um pequeno papel: Me liga, 35657662.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Dizem que aconteceu no Carrefour...

[Reproduzo aqui um post que extraí de um blog chamado "every woman's a madonna", publicado no dia 24 de junho de 2008. Se é verdade ou não cabe a cada um julgar, eu não duvido, até por isso estou divulgando.]

Ontem eu fui ao Carrefour Villa-Lobos (ali perto da ponte do Jaguaré, em SP) - eram 22h20. No fim das compras (o supermercado estava supervazio), na hora de empacotar as coisas, ouvi gritos horríveis, de crianças. Um cara subiu correndo pela rampa e pediu pra chamar o gerente, ou o responsável pelo supermercado. Eu imaginei o pior, larguei tudo e fui ver o que era. Ele me contou: dois meninos tinham sido espancados pelo segurança do supermercado, no andar de baixo. Motivo: estavam brincando na esteira rolante.

Os meninos subiram depois de uns minutos. Um menino de 10 e outro de 13. O de 10 estava chorando também, mas o de 13 estava todo machucado. O segurança encostou os dois na parede e desceu o cacete, encheu os dois de botinada. Enquanto o cara chamou o gerente, eu liguei pra polícia. Dei meu nome e falei que ficaria esperando.

O "gerente" chegou, me viu chamando a polícia. Eu perguntei a ele qual o nome do segurança, ele não quis me dizer. Perguntei qual o nome dele, ele disse que não ia me dar a informação. Disse que ou ele respondia pelo supermercado ou não respondia. Ele disse que o supermercado NÃO RESPONDE pelos atos dos seguranças. Depois eu descobri que o cara nem gerente era, era um "fiscal", seja lá o que isso queira dizer. Na hora em que a polícia chegou, o segurança-animal passou um rádio pro tal fiscal pra avisar. E o fiscal respondeu "Se vira aí e responde pelo que você fez". Fiscal Pilatos, lava as mãos.

Desci pra falar com a polícia, estavam lá os garotos, as testemunhas (eu e um casal, logo apareceu uma loira que disse que estava no carro e viu tudo). O segurança ainda tentou falar que os meninos furtaram alguma coisa, mas foi prontamente desmentido. Os policiais tinham spray de pimenta nas mãos (por quê? Não faço idéia). Chamaram os pais dos meninos, que logo chegaram. Uma família superpobre, de algum barraco ali do lado. A mãe, chorando, disse que tinha mandado os meninos "comprar mistura". Os policiais me dispensaram e eu fui embora, mas antes tirei uma foto da perna do menino de 13 anos.



Se puderem divulgar eu agradeço. Eu não consegui dormir essa noite, de dor no peito. Duvido que se fosse uma filha minha, por exemplo, eles fizessem isso. Preto e pobre, essa é a equação que valeu ontem à noite.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Jornalismo no Toddynho

Será que realmente tem gente que pensa assim? Deve ter, né? Tem de tudo nesse mundo... A transcrição da entrevista pra você ler melhor. Ah, cabe a você acreditar ou não nisso porque realmente é incrível.

Veja - Estudar Jornalismo a ajudará na carreira?
Daniela -
Claro. Eu fazia Direito. Desisti e pensei em entrar em Veterinária, porque amo animais. Também quis estudar Teatro. Acho legal cinema, ser atriz. Só que cineasta é só para quando for mais velha, com 30, 40 anos.

Veja - Mas como você foi parar no Jornalismo?
Daniela -
Eu estava tomando Toddynho no café-da-manhã. Na embalagem, tinha um negócio que explicava as profissões na linguagem de uma criança. O dessa era Jornalismo. Li e falei: "Caramba. É isso que tenho que fazer". Tem tudo a ver com ser modelo.

Fotolegenda: Daniela: descobriu sua vocação em um Toddynho


"Tem tudo a ver com ser modelo" ...Bom... é preciso falar mais alguma coisa?

sábado, 27 de junho de 2009

Sobre Michael

Desde quinta-feira, 25 de junho de 2009, não se fala de outro assunto que não seja Michael Jackson. O Rei do Pop morreu na quinta-feira e desde então a televisão se ocupa com especiais sobre o astro, exibição de shows, depoimentos e homenagens.

Eu mesmo confesso que não era tão ligado assim em MJ porque, na verdade, peguei mais sua decadência que seu sucesso. Mas sempre achei legais as poucas músicas que conhecia dele e sempre pensei nele como um artista completo. Dançava como ninguém, inventou o "Moonwalk", cantava bem. Foi um fenômeno de vendas - o disco mais vendido do mundo é dele -, o que não atesta sua qualidade, mas, talvez, nesse caso, sim.

Teve problemas, muitos. Foi o único homem de que se tem notícia que nasceu preto e morreu branco. Foi milionário e endividado, casado, teve filhos, quase jogou um filho da varanda, quase perdeu o nariz. De fato, muitas bizarrices marcaram seu caminho.

Mas é interessante ver como a mídia o idolatrava no auge e como o ridicularizou na época da decadência. É impressioante: sempre em busca por audiência e vendas de jornais, mas nunca preocupada com a intimidade das pessoas! A mídia brasileira, ou até mundial, tem realmente muito que melhorar.

Voltando ao Michael, é muito fácil criticar o cara. Porém ninguém pára pra pensar o quanto deve ter sido difícil ser o grande Michael Jackson. Ser uma celebridade, estar no topo das paradas musicais dos EUA aos 6 anos de idade, alguém sabe o que é isso, ou o que isso pode provocar na cabeça de uma pessoa? Ensaiar pra cacete, pressionado pelo pai, talvez, até perder a infância... Vai ver por isso ele tenha criado o tal desejo de ser criança pra sempre e ter ido morar em Neverland. Ele chegou a dizer que seu pai não o amava e que o transformou numa máquina. Principalmente depois do Thriller levou uma vida de mega-celebridade, ganhou rios de dinheiro, mas será que ele era feliz? Será que não sentia um vazio gigantesco? Dois casamentos que não deram certo e morreu... sozinho. Só que, cercado de multidões quase a vida toda, talvez ele também tenha vivido sozinho, talvez todos nós vivamos sozinhos, sei lá.


Enfim, fizeram muita piadinha, falaram que sua morte foi boa pras criancinhas, mas deve-se levar em conta o lado humano do mito. Ele foi bom e mal, assim como todos nós, acredito. Podem falar o que for, mas o cara foi foda, é foda, porque a obra dele vai ficar aí por muito tempo. Deixo muito claro que deve-se separar a pessoa do artista. As acusações todas de pedofilia, acredito que são verdadeiras e só não foi provado porque o cara era o Rei do Pop. Considero pedofilia um crime hediondo e execrável, mas a música e dança do cara eram fantásticas. Podem até falar que é modismo, mas vou procurar conhecer melhor a música do Michael agora que ele morreu sim. 25 de junho de 2009, um dia histórico, triste e alegre... ou um dia qualquer, você que sabe. Mas morreu alguém que soube se destacar em meio a tanta gente - e, o diferencial, se destacar com qualidade.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

É uma decisão estranha

[ Já está meio desatualizado, mas as discussões prosseguem. Sobre a revogação da obrigatoriedade do dilpoma para ser jornalista, minhas considerações, e não opinião definitiva, o que acho desnecessário mesmo sendo estudante de Comunicação ]

A exigência do diploma para o exercício da profissão de jornalista foi revogada em 17 de junho de 2009. Muita gente está indignada com a resolução, outros concordam plenamente, tanto que ela foi aceita, e por 8 votos a 1. Nesse caso, faz-se necessária uma análise cuidadosa dos argumentos de ambos os lados.

Quem não gostou, como a FENAJ (Federação Nacional dos Jornalistas) e sindicatos de jornalistas de vários estados, defende, com certa razão, que para exercer a profissão é necessário ter uma série de conhecimentos teóricos e práticos que apenas a universidade pode fornecer. O que é questionável é essa última parte. Se só a universidade pode oferecer tais conhecimentos, está havendo uma desvalorização total de qualquer outra forma de aquisição dos mesmos. É uma supervalorização do meio acadêmico e, de fato, há outras formas de obter as habilidades exigidas de um bom jornalista fora de um curso superior, até mesmo trabalhando em outras áreas, por exemplo. É claro que quem defende essa posição não o faz à toa, são jornalistas formados, que tinham na obrigatoriedade do diploma uma certa segurança de sua inserção e/ou manutenção no mercado.

Quem aplaudiu e deu vivas com a revogação argumenta que a antiga exigência do diploma cerceava a liberdade de opinião na imprensa. Ora, a liberdade de opinião é realmente algo que não é tão livre assim. Alguém que foi caluniado por um jornal, por exemplo, tem muito pouco espaço para defender-se, mesmo se for um detentor de um alto cargo público. O cidadão comum, então, quase não tem como expressar suas idéias ou se defender, se preciso, nos meios de comunicação. Mas isso não tem nada a ver com diploma de jornalista, nem sequer estamos falando deles agora. Essa liberdade de que os defensores do fim da obrigatoriedade do diploma falam é de pessoas que escrevem no jornal, mas o argumento é incipiente, pois o cerceamento, que realmente existe, é resultado dos próprios interesses políticos das instituições jornalísticas.


A resolução tomada em 17 de junho pode piorar a qualidade das informações que chegam à sociedade, como também podem não piorar – como já foi citado, o conhecimento acadêmico não é o único válido. O argumento do cerceamento da liberdade de expressão, então, não está com nada, mas – incrivelmente – ele venceu. Vejo erros dos dois lados. Talvez o diploma não seja realmente necessário – existem ótimos jornalistas sem diploma e péssimos que são formados –, mas, da maneira como foi feito, com os argumentos que foram utilizados pelo vencedor... estranho, muito estranho. É o que concluo dessa história toda. Agora, saber com precisão o que ocorrerá no mercado, só com o tempo, ah, sempre o tempo...

[Esse texto e outros sobre os mais variados assuntos envolvendo a mídia estão em midiaempauta.net]

quinta-feira, 11 de junho de 2009

O tempo está do seu lado

[Antes que me acusem de plágio, deixo aqui explícito que esse texto foi altamente inspirado em seis músicas. Aliás, desafio as pessoas a descobrirem quais são elas. Algumas estão muito fáceis, pois têm praticamente uma transcrição para a prosa aqui.]

Sua estrela estava se apagando, estava num buraco. Não via a mínima chance de libertação. Diziam-lhe que o tempo estava do seu lado, que não tinha motivo para preocupação. Tempo do seu lado? Como? Estava tão perto do fim. Preso num limite, numa armadilha, doente do estômago.

Na verdade era como se tivesse passado por uma terra vazia. Porém, ao sentar-se ao lado do rio, sentiu-se completo. E ali, olhando para o rio, começou a refletir. Coisa simples. Havia uma coisa simples que tinha perdido, queria saber onde ela andava. Estava ficando velho e precisava de algo em que pudesse confiar. Cansado. Estava cansado e precisava de algum lugar pra começar. Viu árvores caídas, sentiu suas raízes ohando pra ele. Era o lugar que costumava amar? Era o lugar com o qual vinha sonhando?

Viu então a Terra do espaço sideral. Procurava um lugar pra si, todos precisam de um. Queria algo real, nada falso ou sintético. Amor, força, controle, coração, alma, palavras que curassem. Então abriu os olhos. Já tinha desistido de procurar, mas ela estava ali, como que por encanto. Por que agora que ele estava tão perto do fim? Talvez fosse o tempo que precisava pra ele merecer.

Agora era outro. Qualquer um que o visse na fila do pão, lendo jornal, perceberia isso. E não era tarde demais e nem tão diferente assim, afinal, cada um sabe do seu Amor. Só de vê-la, ele desligava a TV para levá-la onde ela quisesse ir, mesmo que os corpos não fossem mais tão fortes. Se fossem viajar, ele dava um jeito: enfiava a casa numa sacola. Parecia incrível, mas tinha dado tudo certo, tinha tido fé e viu coragem no Amor. Encontrou-a, suas políticas eram muito parecidas e ela lhe deu Amor além de tudo que ele já tinha visto na vida.

Enfim, conseguiu alguém que não o deixaria ir, que o levava para onde as luzes da cidade brilhavam, para onde as estrelas brilhavam. Agora, todas as manhãs eles caminhavam no bairro de mãos dadas, ambos perto do fim da vida. Há um detalhe que omiti, pois tem pouquíssima importância: ela era rica; mas ele não queria dinheiro, só queria amar. Finalmente compreendeu o que tinha ouvido falar antes: o tempo, sim, o tempo estava do seu lado.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Pocket version

Escovava os dentes e veio um gosto de banana. Já passava de meia noite. O dia havia sido uma incrível mescla de normal e estranho. Na TV, uma notícia da morte de um grande cantor e músico. Depois, um filme estrelando um ator famosíssimo, tão famoso que eu nunca ouvi falar. Talvez eu não seja tão pop assim, talvez underground demais. Enfim, resolvi fazer outra coisa. Quando entrei nesse ambiente me choveram pensamentos, senti cheiros gordos e coloridos, estava entrando num estágio novo. Alguns quadros circulavam a parede e formavam algumas letras tortas: NOW. Não sabia ao certo o que era aquilo, mas muitas perguntas, de súbito, me invadiram a cabeça naquele momento. Foi quando detive meu olhar no fogo da lareira. Vi ali imagens de reis e de heróis, de gente que passava fome, de loucos e poetas, de políticos corruptos, de prostitutas. Quase conclui que eram, no fim, todos a mesma pessoa. Peguei um café, acendi um cigarro. Desisti do café, lembrei que não fumo. Peguei o violão e toquei uma canção, balbuciava algumas palavras, faltava algo. Depois procurei no bolso direito e só achei um relógio – estava parado – procurei então no outro bolso, o esquerdo, e finalmente achei o que faltava: você.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Eita, mundo... (o do cabelo)

Sentia falta do cabelo. Não que não devesse ter cortado, no dia em que o fez (ou o fizeram para ele) foi extremamente divertido. Era uma ocasião tão feliz... Mas agora, alguns meses depois, tempo o suficiente pro cabelo ter crescido um pouco e ele ter ido cortar de novo pra ajustar o pezinho, fazia uma falta... Lembrava com profunda saudade da sensação agradável de balançar o cabelo molhado, no banho, ou depois de sair de uma piscina num churrasco.

Via fotos antigas daquele cabelo desajeitado – há controvérsias disso, é verdade – e queria poder fazer uma mágica que o restituísse tal como era. Muita gente criticava, muita gente não gostava, mas ele... ele nunca se achara tão bonito! Olhava-se de perfil na tela do computador com o cabelão e estava ótimo, de frente, idem, meio de perfil e meio de frente, realmente muito bom! Talvez não fosse o cabelo, talvez houvesse algo mais. Talvez se lembre de quando era mais jovem, quando tinha mais brilho nos olhos e menos pelos na face. Enxergava menos suas imperfeições, ou talvez tivesse menos imperfeições (talvez isso o fizesse mais feliz). Agüentava dormir menos, contemplava mais as estrelas, a lua, prestava mais atenção no mundo, apesar de o perceber menos. Pois agora tinha percebido a confusão que o mundo era, um mundo que sequer o permitia deixar seu cabelo como quisesse. Que raio de mundo é esse? Talvez não fosse só o cabelo, talvez houvesse algo mais. Talvez não fosse só o cabelo, talvez fosse o mundo.

Seus últimos segundos

a vida mudou
o lago secou
o céu canta mais baixo
a planta seca o cacho

a fumaça brilha
o tempo te humilha
as luzes não mais piscam
com a mesma intensidade
te gritam e te avisam
que é o fim dessa cidade

acabou-se a inocência
de nada vale tua crença
tu não tens mais valor
mas não sentirás tanta dor

apenas uma morte lenta
e uma monotonia peçonhenta
a febre te manterá em agonia
notas lúgubres serão tua sinfonia

e quando tudo acabar
irás para um outro lugar
e nem lembrarás do que sofreu
não lembrarás do que aconteceu
não sentirás teus membros
nem saberás que morreu

e então alguém te avisará que vais voltar
terás, enfim, a chance de recomeçar
volta... e faz tudo como acha que deve
mas se apresse, pois seu tempo será breve

quinta-feira, 14 de maio de 2009

O Tempo

O tempo gira louco
não espera uma única recuperação
Ele é sempre tão pouco
Não recua, não há reconsideração

Ele segue, imune, impávido,
Não olha pros lados
Não pensa em ninguém
Simplesmente rolam os dados

Meu pai de óculos
nunca pensei que veria
E logo serei eu
Ele e eu no fim dos dias

Eu olhando pra trás
Pras minhas horas de sorrisos
Lembrando de um momento fugás
De um olhar que me deixou embevecido

Das correrias, nas tardes ensolaradas
Das conversas e loucuras nas noites em claro
Dos jogos e aventuras com as pessoas erradas
Dos segredos e abraços dos meus amigos raros

Vou ouvindo o barulho do relógio
Com a única certeza do meu envelhecimento
Pensando em correr enquanto o corpo agüenta
Em conseguir achar positivo o golpe do vento

Já que um dia esse golpe quebrará os meus ossos!

domingo, 10 de maio de 2009

Realmente fulminante

Queria voltar a ser criança. Nada de preocupações, só quando algum brinquedo sumia, ou qual era o horário do seu desenho favorito na TV. O dia-a-dia agora o consumia, a vida já não tinha mais tanta graça quanto falaram pra ele um dia que tinha. Via pessoas morrendo, de velhice, de doença – por vírus microscópicos. Via também pessoas vivendo precariamente, vazias, inexpressivas, ou dependendo de terceiros em excesso – era isso que queria pra ele? Concluiu então o quão precário é o homem, o quanto ele não tem e não sabe de nada, por mais que pense o contrário. Escrever já não lhe bastava mais. Nem ler, nem ouvir música – atividade que gostava muito, ficava até excitado com isso –, nem escrever música (idem). Parecia tudo perdido, parecia tudo acabado, mas não iria se matar. Até que achou algo que o tirou daquela desilusão em estado permanente. Falar com os amigos, isso sim restituiu sua paz. Depois voltou pra casa, contemplava o teto branco do quarto com a mesma sensação de antes. Precisava enfim achar uma paz individual, mas quem disse que conseguia? Era uma crise realmente fulminante...

sábado, 9 de maio de 2009

Sem explicação

Estava cansado, estava vazio. O dia inteiro se refazia na sua cabeça, muitas coisas, mas... nada! Uma música de fundo, um piano, uma preguiça peçonhenta... Não sabia porque estava, não sabia de mais nada. Flashes insistentes: um barulho de céu caindo, uma luz escura e nebulosa, aquele olhar agudo (nem bom, nem mal), aquelas palavras confusas, um turbilhão de sentimentos e, por fim, um telefonema ranzinza de uma pessoa incrível.

Já passaram-se horas, descansara demais. A cabeça caída, a televisão ligada, acordou: Por que tudo ao contrário? Por que aquela festa toda? Todo aquele colorido, aquela confusão... depois? Tudo escuro, chão limpo como que por encanto, cabeça doendo como que por bebida, coração doendo como que por pranto, por profunda ferida. Febre. Já não tinha mais saúde, o dedão do pé doía e mais alguma outra coisa...

Sentia um cheiro esquisito, não sabia se de bruma ou de brisa, não sabia mais o que era cheiro. Ali, não tinha certeza ou convicção alguma. Era feliz, já fora muito feliz. Mas naquele momento poderia morrer.