sábado, 7 de novembro de 2009

Desabafo: Tudo dando errado

Na madrugada de ontem pra hoje, fui dormir umas 2h30, pois estava no Eletronika (por questões acadêmicas). Fora tudo que deu errado lá, eu planejava acordar 5h pra chegar cedo no Chevrollet Hall e comprar meu ingresso na pista VIP pro show do Coldplay, em Sampa.
Coloquei dois (não foi um, foram DOIS) celulares pra me acordar às 5h e nenhum despertou. Ou eu que não ouvi, mas acho difícil porque eles são muito altos. Enfim, acordei quase 10h, desesperado, puto, e cheguei no Chevrollet Hall às 11h para descobrir que a bilheteria de lá só abre ao meio dia.
Fui então à Leitura da Savassi, na Cristóvão Colombo, que também é ponto de venda da Ticket Master. Lá não tinha fila nem nada, mas lógico que não tinha mais pista VIP pra Sampa (são os mesmos ingressos pros pontos de venda do país todo, não há uma divisão). Comprei a pista normal mesmo, logo depois de mim, uma mulher comprou pista VIP no Rio pro filho dela e falou que se eu era fã mesmo valia à pena pra mim também. E valia mesmo. Por que eu não perguntei ANTES de comprar o meu se tinha pista VIP no Rio? Eu nem tinha cogitado a hipótese de ir ao show no Rio, me fixei em São Paulo logo de cara. Por que? A mulher ainda me disse que a Praça da Apoteose, lugar do show no Rio, é perto da rodoviária. Eu ia pro show, via o show, ia embora, nem gastaria com hotel, essas coisas... mas já estava feito. Eu só tinha agora 150 reais que nem meus eram, precisaria de um novo empréstimo pra comprar o ingresso que eu queria, a compra do ingresso pra pista normal não podia ser cancelada, segundo a moça da Leitura. Enfim, agora está feito. Estou puto e vou ficar atrás de 5 mil pessoas (ou muito mais) no show.
Bom, aprendi pro próximo. Primeiro show grande que eu tive que fazer correria do ingresso e tudo. O pior é esperar o show de março pensando no que terá daqui uns 2 ou 3 anos.
Sabe qual o pior? Quando a Leitura abriu (às 8h ou 9h, vou confirmar de novo porque é a hora em que eu estarei lá da próxima vez) ainda tinha pista VIP pra SAMPA. Mas aí já foram os celulares, enfim... agora nada adianta mais. Esse tempo que não volta...

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

E agora, José? [a continuação do clichê]

José ligou para Júlia naquela sexta à noite, mas ela estava muito ocupada, disse que ligaria de volta na manhã de sábado e anotou o número. Zé ficou a manhã toda perto do telefone, esperando o telefonema. Maria não podia atender. Já tinha passado do meio dia. Zé não agüentava mais não sair da sala e, quando se descuidou, foi ao banheiro, o telefone tocou. Maria atendeu:

- Alô.
- Alô, por favor o Sérgio está?
- Aqui não tem ninguém com esse nome.
- Tem certeza? Mas o número que me deram foi esse...
- Mas aqui não tem nenhum Sérgio, minha filha...
- OK, desculpe.
Clic.

José voltou para a sala, perguntando quem era. “Engano”, respondeu Maria. Mas o telefone tocou de novo, então o Zé atendeu e a Maria só o ouviu dizer: “Desculpe, ligo outra hora”. A esposa quis saber:

- Quem era?
- É... o Pinduca.... o Pinduca me chamando para a pescaria mais tarde.
- Sei... com quem mais?
- O Taborda... Eu, Pinduca e Taborda.
- E você vai?
- Talvez... Vou à padaria e já volto.

O Zé saiu de casa, encontrou o supermercado mais próximo, entrou e, do seu celular, ligou para Júlia:

- Alô.
- Júlia? É o Z... Sérgio.
- Sérgio? Que houve? Liguei no seu número e uma mulher me disse que não tinha nenhum Sérgio na casa...
- Era meu número mesmo? Você deve ter ligado errado...
- Bom, não importa. O que acha de nos encontrarmos hoje à noite?
- Pois é justamente o que eu iria falar. Pode ser no Restaurante Garfo de Ouro?
- Claro. Que horas?
- Umas 19 horas está bom?
- Não é muito cedo?
- Tenho que acordar cedo no domingo, tenho pescaria...
- OK, por mim tudo bem.
- Então te vejo às 19... Beijo.
- Outro.
Clic.

José voltou para casa, dizendo a Maria que iria à pescaria e simulou ligar para o Pinduca: “Pastel? Às 14 horas eu passo na sua casa? OK...”. Falou para Maria que tinha que ir logo. Almoçou com ela e foi. E ela pensando: “Pastel?”.

Passou a tarde na casa do Taborda, afinal o jantar com Júlia era só às 19 horas. Já foi arrumado, mesmo ouvindo um “arrumado assim para pescar, Zé?” da esposa. Quando eram umas 18h30 já foi para o restaurante, que era relativamente perto dali... o lugar não era perigoso, bairro de classe alta.

No jantar – no qual Júlia chegou 15 minutos atrasada – papo vai, papo vem, com um “Adorei o cachecol preto que você estava usando naquele dia” por parte dela, e ele: “Preto? Ah, sim, claro... meu favorito!” (ele nem estava de cachecol no dia, meu Deus!), a conversa foi longe e beijaram-se. Terminaram num motel. O Zé, mesmo aos seus 52 anos ainda tinha vigor para a coisa.

O Zé chegou lá para as três da manhã em casa. Maria, lógico, ainda estava acordada: “Pescaria até esse horário?”. “Que tem, mulher?”, respondeu o Zé, e foi dormir. Estava cansadíssimo – e felicíssimo também.

No domingo de manhã, Maria perguntava ao Zé, sonolento:

- Então Zé, como está o Torquato?
- Bem, bem...
- Mas não era Taborda o nome dele?
- É... Taborda... está bem.
- E o outro?
- Quem?
- O outro que foi pescar com vocês...
- Ah... o Pastel está bem também...
- Não era Pinduca?
- Pinduca? Ah... Pinduca, Pastel... tudo igual!
- Sei...

O Zé foi tomar banho. Tempo suficiente para chegar no celular dele a mensagem de texto: “Adorei a noite de ontem, foi maravilhosa... Acho que você mentiu para mim a idade, viu? Que fôlego! Quando será a próxima? Beijão, da sua Ju”. Quem leu essa mensagem foi a Maria, é claro. Pensou na vida, no casamento com o Zé, que há muito já tinha perdido a graça. Na herança que o marido podia deixar, na traição. Não deu outra: botou o veneno de rato mais potente que tinha no café do marido.

O Zé bebeu, sentiu-se meio estranho, foi ler um livro de poemas, depois foi se deitar. Morreu. Ninguém descobriu realmente como. E a herança do Seu José (ou Sérgio, para Júlia) – que era muito bem de vida, quase rico (ou rico mesmo), e só não tinha carro por que não sabia dirigir e não gostava de motoristas particulares (já experimentara uma vez: destestara) – ficou toda para a Maria, que estava meio acabada, mas agora poderia fazer uma plástica, tranqüilamente. É, Zé... Pois é...