segunda-feira, 19 de outubro de 2009

16 de outubro de 2009, um dia especialíssimo!

Um dia para não ser esquecido, um dia especial e mágico na vida de, pelo menos, algumas pessoas, acredito eu. É madrugada de 17 de outubro e escrevo, pois uma experiência dessa magnitude não pode passar em branco.

Marco Túlio, ou simplesmente o Marcão, uma figura diferente. Um cara muito inteligente, de coração muito bom, de ótimo senso de humor e que está sempre rodeado de pessoas. Um cara definitivamente ESPECIAL. Marco Túlio é tudo isso e muito mais e, por isso, talvez seja um dos poucos caras que eu conheço que merece um aniversário prolongado, uma festa dupla. E foi isso que fizemos para ele.

O dia do aniversário mesmo foi 15 de outubro e já rolou uma comemoração muito bacana, na pizzaria, com muitas pessoas, pessoas amigas. Isso, inclusive, ajudou no dia seguinte, já que o Marcão (mesmo sendo inteligentíssimo, repito) não desconfiaria de uma festa surpresa no dia seguinte a uma comemoração lotada de seu aniversário. No fim do dia 15 já combinamos de nos encontrar na praça do Baptista Marcão, eu, Guizão e Raphinha. Nós 3 teríamos a missão de enrolar o aniversariante e faze-lo chegar na casa da Belinha.

Essa parte foi sensacional, pois a gente não queria que esse momento inicial fosse muito rápido e assim foi: eu e o Raphinha nos recusando a ir (fingindo) e o Guizão interpretando nosso opositor. Até tentei simular uma “briga” com ele nas divergências, mas a gente brigava rindo. A invenção era que iríamos à Belinha ver um filme. Destaco esse diálogo entre mim e o Marcão (mais ou menos assim):

- E aí, Marcão? Vamos?
- Olha, cara, marcamos nós 4 de vir aqui, tocar um violão... Vamos não.
- Pô, Marcão! Mas é paia, as meninas lá esperando, a Belinha que chamou...
- É... então vamos!
- Uai, Marcão! Vai resolver assim sem mais nem menos? Tem que pensar...

Enfim, chegando ao apse, o Marcão realmente não desconfiou e sua expressão facial ao descobrir a surpresa (esperando ver um filme e vendo uma festa!) foi indescritível, tentarei aqui fazê-lo, inutilmente: o incrédulo mais feliz do mundo. Foi uma das cenas mais bonitas (que, é claro, a foto não reproduz em toda sua plenitude) do ano. Na festa, tudo estava lindo: as pessoas, o clima, as palavras. Sim, tudo estava perfeito.

Na hora do bolo, o Marcão fez um discurso para a família, contando de sua importância e Amor. Naquele momento, para ele, só seu pai, sua mãe e seu irmão estavam na sala. Foi algo tão formidável que me falta competência literária para reproduzir qualquer coisa parecida. Sinceramente, eu chorei.

A festa inteira foi maravilhosa e continuou para alguns com o já rotineiro violão na praça. Esse dia significou para mim mais do que a minha própria festa de aniversário, talvez. Foi a confraternização da amizade de forma tão profunda, momentos tão especiais, dancei tanto (ao som do violão, não precisamos de caixas de som e batidas eletrônicas) ... exercitei o corpo e renovei meu espírito! A casa da Belinha parecia a casa do Marcão, que parecia a minha casa. Todos pareciam estar em casa. Parecia que estávamos noutro lugar, um lugar protegido, diferente, onde nenhum mal poderia nos acontecer. Havia realmente uma magia no ar.

Eu realmente não tenho condições de contar tudo que vivi nesse dia e não traduziria as emoções que senti nem nas mais belas poesias que eu pudesse escrever algum dia na minha vida. Então, termino esse registro simplesmente agradecendo a todas as pessoas fantásticas que participaram desse inigualável evento. Nada paga a amizade de vocês e a noite do 2º aniversário do Marcão em 2009. Marcão, parabéns por tudo! Você é um vencedor e sinto-me extremamente feliz por poder fazer parte do seu convívio dessa maneira especial, o que me possibilitou viver momentos como esses de que falei aqui. Quem estava lá sabe como foi. Eu realmente me senti em outra sintonia. As músicas, os olhares, a felicidade no rosto das pessoas, tudo. Estou meio rouco, mas valeu muito a pena! Nada melhor que terminar dizendo que acredito no coração, sim, sim, e que todos os meus amigos querem viver! Viva la vida!

sábado, 10 de outubro de 2009

Oi, Seu José [um hiper-clichê, mas eu gosto e tem continuação]

O Seu José, 52 anos, casado, caminhava em direção ao ponto de ônibus. Estava indo para a casa do seu querido amigo Taborda. Caminhava tranqüilamente, com seu cigarro acesso na mão esquerda. Na direita, seu velho radinho de pilha (eita rádio velho de guerra!), sintonizado na “Rádio Liberdade, diferente das outras, igual a você!”, noticiário da manhã. Parou no ponto, jogou o finalzinho, a pontinha minúscula, do cigarro no chão e pôs-se a esperar o ônibus.

Apareceu então uma moça linda, loira, olhos verdes, rosto fino, corpo esbelto, aparentando ser muitos anos mais nova do que José. Aproximou-se dele e disse: “Aqui, o 9710 passa neste ponto?”. Zé não entendeu, desligou o rádio e pediu para ela repetir. Ela repetiu e ele, sabendo que aquele ônibus passava por ali, inventou de imediato:

- Não dona, ele não passa neste ponto, mas para onde a jovem tem de ir?
- Que pena! Preciso ir à casa de uma amiga minha. É só a algumas quadras daqui, mas tenho que ir depressa. Estou atrasada e tenho coisas para fazer depois.
- É lá para os lados do Bairro do Salgado? – arriscou Zé.
- É sim!
- Vamos a pé, tenho que ir para aqueles lados também. Aí você não vai sozinha. Vamos a passos largos e rápidos! O que acha?
- É muita gentileza, mas o senhor...
- Me chame de você. E não há problema para mim em andar rápido – o homem calculou que a moça deveria ter pensado que ele não teria muita força nas pernas naquela idade, para andar rápido.
- Mas o senhor... hum... você não estava esperando o ônibus?
- Oh, não. – o ônibus de Zé acabara de chegar – estava aqui só pensando na vida, à toa. Vamos?

A moça não tinha como recusar e foram andando.

- Nossa como o senhor... – caham! – você é gentil! Como é seu nome?
- Sérgio – mentiu Zé rápida e maquinalmente – e o seu?
- Júlia... para onde o s... você está indo mesmo?
- Para a casa de um amigo – desta vez Zé falava a verdade, mas não fazia bem o caminho certo – jogar uma conversa fora, um pouco de baralho, cervejinha... sabe como é, né?
- Hum, adoro baralho e cerveja. O problema é que isso combina demais com o cigarro, sempre tem aquele pessoal fumando...
- Também odeio cigarro! Não suporto!
- É mesmo? Que bom! Faz mal demais para a saúde.
- Bom, aí de música de fundo para o jogo, a gente põe numa rádio...
- Ah, tem que ser pagode! Pode até ser uma MPB... o que não pode ser é música antiga! Não suporto Vicente Celestino, esses cantores antiqüados... aquela rádio... Liberdade, não é? Não agüento! “Diferente das outras, igual a você”, é chata demais.
- Também detesto essa rádio! Parece que você está nos anos 50 ao ouvi-la... não dá! Concordamos em bastante coisa, não?
- Até que sim... Você não tem quarenta anos, tem?
- Que é isso, moça? Já passei dos 50...
- Mas não parece ter nem 40! – como Júlia foi generosa! Seu Zé parecia ter mais do que tinha, na verdade.

Júlia olhou rapidamente, com o canto do olho, para a mão do Zé, viu um anel que ela reconheceu ser de ouro maciço, no dedo do meio, com uma bonita pedra. Nada de aliança... arriscou:

- Você é casado?
- Não... Mas a moça deve ser...
- Eu? Imagina? Não sou... talvez eu seja feia demais para isso.
- O que é isso? Uma moça linda dessas...
- Imagina! O senh... você é que está bem conservado!

Nesse momento passaram na frente de uma loja de jóias. O Zé falou para ela esperar do lado de fora e voltou com um colar de ouro, com um pingente de diamante.

- O que isso, Seu Sérgio? Não posso aceitar, por favor...
- Comprei para você, é presente, não faça desfeita...
- Muito obrigada! – e deu um beijo e um abraço no Zé.

Andaram mais um pouco, o Zé tentando falar de pagode, que gostava também de um samba antigo. A moça concordou parcialmente. Enfim, ela anunciou:

- Aqui é a casa da minha amiga, fico por aqui.
- Mas...
- Desculpe, Seu Sérgio.
- Pode tirar esse “Seu”.
- Desculpe, Sérgio, mas tenho mesmo que ir, muito obrigada pela companhia e pelo colar, foi muita gentileza sua.
- Não foi nada – e Júlia deu mais um beijo e um abraço no Zé – espero vê-la mais vezes.
- Quem sabe? – e com uma piscadela entrou na casa da amiga, que ficava com o portão aberto e foi bater na porta.

Zé parou por um segundo, até que Júlia entrasse na casa. Sentia-se bem feliz. Sentia também algo na orelha e quando a tateou puxou um pequeno papel: Me liga, 35657662.