quinta-feira, 25 de junho de 2009

É uma decisão estranha

[ Já está meio desatualizado, mas as discussões prosseguem. Sobre a revogação da obrigatoriedade do dilpoma para ser jornalista, minhas considerações, e não opinião definitiva, o que acho desnecessário mesmo sendo estudante de Comunicação ]

A exigência do diploma para o exercício da profissão de jornalista foi revogada em 17 de junho de 2009. Muita gente está indignada com a resolução, outros concordam plenamente, tanto que ela foi aceita, e por 8 votos a 1. Nesse caso, faz-se necessária uma análise cuidadosa dos argumentos de ambos os lados.

Quem não gostou, como a FENAJ (Federação Nacional dos Jornalistas) e sindicatos de jornalistas de vários estados, defende, com certa razão, que para exercer a profissão é necessário ter uma série de conhecimentos teóricos e práticos que apenas a universidade pode fornecer. O que é questionável é essa última parte. Se só a universidade pode oferecer tais conhecimentos, está havendo uma desvalorização total de qualquer outra forma de aquisição dos mesmos. É uma supervalorização do meio acadêmico e, de fato, há outras formas de obter as habilidades exigidas de um bom jornalista fora de um curso superior, até mesmo trabalhando em outras áreas, por exemplo. É claro que quem defende essa posição não o faz à toa, são jornalistas formados, que tinham na obrigatoriedade do diploma uma certa segurança de sua inserção e/ou manutenção no mercado.

Quem aplaudiu e deu vivas com a revogação argumenta que a antiga exigência do diploma cerceava a liberdade de opinião na imprensa. Ora, a liberdade de opinião é realmente algo que não é tão livre assim. Alguém que foi caluniado por um jornal, por exemplo, tem muito pouco espaço para defender-se, mesmo se for um detentor de um alto cargo público. O cidadão comum, então, quase não tem como expressar suas idéias ou se defender, se preciso, nos meios de comunicação. Mas isso não tem nada a ver com diploma de jornalista, nem sequer estamos falando deles agora. Essa liberdade de que os defensores do fim da obrigatoriedade do diploma falam é de pessoas que escrevem no jornal, mas o argumento é incipiente, pois o cerceamento, que realmente existe, é resultado dos próprios interesses políticos das instituições jornalísticas.


A resolução tomada em 17 de junho pode piorar a qualidade das informações que chegam à sociedade, como também podem não piorar – como já foi citado, o conhecimento acadêmico não é o único válido. O argumento do cerceamento da liberdade de expressão, então, não está com nada, mas – incrivelmente – ele venceu. Vejo erros dos dois lados. Talvez o diploma não seja realmente necessário – existem ótimos jornalistas sem diploma e péssimos que são formados –, mas, da maneira como foi feito, com os argumentos que foram utilizados pelo vencedor... estranho, muito estranho. É o que concluo dessa história toda. Agora, saber com precisão o que ocorrerá no mercado, só com o tempo, ah, sempre o tempo...

[Esse texto e outros sobre os mais variados assuntos envolvendo a mídia estão em midiaempauta.net]

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