quinta-feira, 11 de junho de 2009

O tempo está do seu lado

[Antes que me acusem de plágio, deixo aqui explícito que esse texto foi altamente inspirado em seis músicas. Aliás, desafio as pessoas a descobrirem quais são elas. Algumas estão muito fáceis, pois têm praticamente uma transcrição para a prosa aqui.]

Sua estrela estava se apagando, estava num buraco. Não via a mínima chance de libertação. Diziam-lhe que o tempo estava do seu lado, que não tinha motivo para preocupação. Tempo do seu lado? Como? Estava tão perto do fim. Preso num limite, numa armadilha, doente do estômago.

Na verdade era como se tivesse passado por uma terra vazia. Porém, ao sentar-se ao lado do rio, sentiu-se completo. E ali, olhando para o rio, começou a refletir. Coisa simples. Havia uma coisa simples que tinha perdido, queria saber onde ela andava. Estava ficando velho e precisava de algo em que pudesse confiar. Cansado. Estava cansado e precisava de algum lugar pra começar. Viu árvores caídas, sentiu suas raízes ohando pra ele. Era o lugar que costumava amar? Era o lugar com o qual vinha sonhando?

Viu então a Terra do espaço sideral. Procurava um lugar pra si, todos precisam de um. Queria algo real, nada falso ou sintético. Amor, força, controle, coração, alma, palavras que curassem. Então abriu os olhos. Já tinha desistido de procurar, mas ela estava ali, como que por encanto. Por que agora que ele estava tão perto do fim? Talvez fosse o tempo que precisava pra ele merecer.

Agora era outro. Qualquer um que o visse na fila do pão, lendo jornal, perceberia isso. E não era tarde demais e nem tão diferente assim, afinal, cada um sabe do seu Amor. Só de vê-la, ele desligava a TV para levá-la onde ela quisesse ir, mesmo que os corpos não fossem mais tão fortes. Se fossem viajar, ele dava um jeito: enfiava a casa numa sacola. Parecia incrível, mas tinha dado tudo certo, tinha tido fé e viu coragem no Amor. Encontrou-a, suas políticas eram muito parecidas e ela lhe deu Amor além de tudo que ele já tinha visto na vida.

Enfim, conseguiu alguém que não o deixaria ir, que o levava para onde as luzes da cidade brilhavam, para onde as estrelas brilhavam. Agora, todas as manhãs eles caminhavam no bairro de mãos dadas, ambos perto do fim da vida. Há um detalhe que omiti, pois tem pouquíssima importância: ela era rica; mas ele não queria dinheiro, só queria amar. Finalmente compreendeu o que tinha ouvido falar antes: o tempo, sim, o tempo estava do seu lado.

2 comentários:

  1. Fila do pão? lendo jornal? desligar a TV? huuuum, difícil... To pensando, to pensando.

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  2. Pô, Marcão. Falei que uma era ridícula de fácil... Mas e as outras cinco?

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